27 de agosto de 2012

Bakesale



Se você curte rock, mais especificamente aquele tipo que dizem ser do barulhento, ou, pra usar um estrangeirismo, noise-rock (ou ainda, lo-fi), e usa as músicas pra descarregar algum sentimento ou gosta quando ouve uma música em que fazem isso, certamente já ouviu falar do Sebadoh (até porque é a segunda vez que o Sebadoh aparece por aqui!), e ainda mais desse álbum sobre o qual falaremos poucas linhas.
Um disco que tem como capa o Lou Barlow (fofurinha!!!!!) abraçando a Celite já no seu primeiro ano de vida só poderia ser um clássico.
E pensar que o Sebadoh só foi pra frente mesmo depois do Dinosaur Jr. dar uma capengada: de se comemorar certos tropeços na carreira de certas bandas!
Sendo isso verdade ou não, o fato é que seria heresia não ter o Bakesale disponível em um blog que se diz desses que comentam sobre música, mesmo nos que agonizam entre a vida e a vegetatividade, como é o caso deste blog. Mas ainda não morremos, por enquanto!
E lembrando que o Sebadoh tá com EP lançado recentemente!



6 de abril de 2011

Aldhils Arboretum

Essa imagenzinha que figura na nossa arte do blog vem deste álbum, um dos melhores do of Montreal, banda maluca ligada ao coletivo Elephant 6, que vocês certamente já conhecem. Talvez não conheçam o of Montreal roqueiro que aqui está, de antes do Sunlandic Twins; a banda que me hipnotizou de uma forma tão forte que, pra mim, mesmo ficando eletrônica, não deixou de ser boa. Psicodelia sem pegada eletrônica. É o mesmo of Montreal que se apresentou em São Paulo ano passado, no Playcenter, mas com mais antiguidades nas músicas, com a música mais - com medo de errar, mas - digamos, construídas de forma manual. Se achar massa, vá atrás de discos mais antigos e barulhentos deles. Vale a pena.

22 de outubro de 2010

Folhagem Negra

Mais um clássico! Estava pensando se seria melhor fazer resenhas maiores, dando a opinião mais crítica dos álbuns, mas fiquei com preguiça, então melhor continuar assim!

Se tu gostas da fase psicodélica dos Beatles, se gostas da voz do Brian Wilson, dos sons mais barulhentos dos noventa, de tranqüilidade, de explorar as camadas das músicas, se gostas de conhecer coisa nova, se gostas de belas capas de álbuns, certamente gostará do Black Foliage: Animation Music Vol. 1, do Olivia Tremor Control.

Pegue o disco e comece a viajar, sentir as coisas mais leves, os sons escondidos, as marchinhas chegando, as vozes ao fundo, as cores vibrantes.... bom, aí pode ser outra viagem, que eu diria até bem próxima à que esse disco leva SÓ de ouvir. Animation Music, mesmo.

20 de outubro de 2010

On Avery Island

A grande hora chegou. A hora procrastinada há muito tempo, a hora de postar os clássicos! Pra começar, o On Avery Island, do Neutral Milk Hotel, que eu prefiro ao In The Aeroplane Over The Sea, pra surpresa de todos, rá!

Esse disco é um dos pilares do saudoso coletivo de bandas Elephant Six. Bem mais ruidoso que a obra-prima clássica do Neutral Milk, o On Avery Island (e a Avery Island existe mesmo, fica no Golfo do México), em compensação, é mais confuso e pode-se descobrir vários barulhinhos novos a cada ouvida, devido à influência oliviana. É sensacional. E dá pra ouvir a música que deu nome ao blog, abrindo a barulheira que é esse disco.

Vivendo e Não Aprendendo

Pode até dar a impressão que a gente renega coisas brasileiras nesse blog, mas é só impressão mesmo. Por mais que a maioria das coisas postadas aqui sejam oriundas da gringolândia, mais especificamente dos states, este blog jamais quis fazer apologia a qualquer nacionalidade. Acho até mais fácil acontecer o contrário, visto da natureza política dessas bandas, que só falam mal, quando falam, da sua pátria. Mas, enfim, aí vai o primeiro álbum brasileiro aqui subido, aos mais fervorosos da causa nacional, por mais sem sentido que isso possa parecer.

O Ira! É uma banda formadora de caráter, e esse disco, Vivendo e Não Aprendendo, emblemático na vida de quem nasceu nos oitentas da vida.

15 de outubro de 2010

Beating Asses

-Nossa, que banda é essa?

-Que legal essa música de 15 minutos!

Quem foi ao SWU, o novo e "sustentável" festival brasileiro, provavelmente não ouviu esses comentários. Ao contrário, foi sob vaias que deve ter assistido o final do show do Yo La Tengo no Brasil.

Vaias e mãos levantadas, pedindo rock pesado, barulho, gritos e mais emoção. Tudo que o Yo La Tengo já tem, e que aquela galera não sacou, infelizmente.

Mas sem choradeira, então, aqui vai, pra quem quer ouvir toda a piração de Pass the Hatchet, I Think I'm Goodkind e todas as outras músicas desse disco deles, de 2006, aqui subido, rs.

O nome vai em especial pra toda aquela galera do metal que estava em Itu dia 11 de outubro: I am not afraid of you and I will beat your ass. Bem assim mesmo, xingando muito no Twitter.

28 de maio de 2010

Estranho?

Não sei qual é a credibilidade de falar bem de algo que se gosta. Sei que é fácil e os elogios saem com muita facilidade. É como se estivéssemos embebedados por uma poção mágica que nos faz perder a capacidade de distinguir coisas boas de coisas ruins, uma sensação terrível de incapacidade – terrível, mas maravilhosa –, ficamos à mercê de tudo o que nossos ídolos fazem.
Mas enfim, não é sobre isso que escrevo aqui. É sobre álbuns disponibilizados para deleite coletivo. Logo, subo um dos Thinking Fellers Union Local 282, banda que conheci por acaso (como todas as outras), enquanto fazia coisas improdutivas (como todas as outras) quando deveria estar fazendo outras coisas (como em todas as outras vezes que conheci bandas legais). É, essa vida de conhecer coisas legais não é muito recomendada pra quem quer ser polido na vida. Se você não é desses, acho que vai gostar de Strangers From The Universe, de 1994. A banda é, digamos, da vibe de Sonic Youth, Pavement (saiu pela Matador), mas, não sei, parece que eles conseguem fechar melhor, combinar melhor guitarra, baixo, barulhos, vozes, além de letras viajadas/engraçadas e muito bem cantadas/urradas/sussurradas... Sei que é muito bom.

2 de fevereiro de 2010

A Small Cattle Drive in a Snow Storm

Banda fabulosa oriunda da Califórnia e responsável por três (na verdade dois ou três, depende do dia) maravilhosos álbuns, o Beulah também tem eps fantásticos (sim, mais um EP postado!!!), como o “A Small Cattle Drive in a Snow Storm”, de 1997. Ele possui basicamente algumas músicas do Handsome Western States e algumas jóias como S.O.S., uma das músicas mais diferentes e bonitas do Beulah. A baixada, inclusive, vale só por ela, na minha opinião.

E feliz 2010 pra vocês, cambada!

31 de janeiro de 2010

In The Fishtank 11

In The Fishtank é um projeto de um selo holandês independente aí que achei interessante. Funciona assim: eles convidam uma ou duas ou três bandas que tenham algo a ver entre si e que achem que rola de tocar junto pra gravar algo em dois dias, num estúdio (daí o nome do projeto, acho). Entre as bandas que já participaram da paradinha estão The Ex, Tortoise, Low, June of 44, Sonic Youth, NoMeansNo, Sparklehorse...

Eu ainda não ouvi todos os albuns ou eps do projeto, mas pelo que já ouvi tem muita coisa fina feita aí. Subo para o conhecimento de quem lê o blog o “In The Fishtank 11”, gravado com duas bandas, digamos, de ‘slowcore’, pós-rock ou qualquer coisa semelhante... bem tristonhas e melodiosas (do lado legal disso): The Black Heart Procession e Solbakken. O som não é muito viajado e as músicas são bem bonitinhas. Talvez o mais facilmente digerível dos discos desse projeto.

(post originalmente criado em 12/11/2009, que sumiu e foi repostado)

31 de outubro de 2009

Dia de Los Muertos

Paixonite de primavera? Emoção à flor da pele? Cozinha bem feita? Bairrismo regional? Fim das rixas com vizinhos? Não importa, o que interessa é que acabei conhecendo essa banda (pela Ludymylla, por sinal) e por conseqüência divulgo porque é boa mesmo. Mas muito boa. Tão boa que estou recomendando de volta a recomendação muito bem recomendada.

El Mató a un Policía Motorizado é rock influenciado pelas guitarras distorcidas. Esse Ep que subo, Dia de Los Muertos, é o último deles, de 2008. Ele fecha a trilogia dos EPs anteriores, sobre o ciclo da existência substancial das coisas (uau, rs!).

Aproveitando, bom feriado dos mortos a todos! ahaha.

12 de setembro de 2009

Beneath Waves / Dance Positive

Uma vez li uma resenha dessas revistas aleatórias sobre música que dizia ser a capacidade de nos fazer dormir uma das principais qualidades para um album ser considerado bom. Isso funciona bem com o Beneath Waves, quinto disco do multifacetas Karl Blau, um sujeito envolvido com inúmeros projetos musicais, bandas, selos independentes e participações em discos alheios, todos de muito bom gosto e altamente recomendáveis.

Disquinho bonitinho, tem desde marchinhas desafinadas a letras totalmente desapegadas a qualquer coisa imaginável. Pra ouvir antes de dormir (ou em qualquer outra hora). E pra quem gostar, e quiser conhecer outro disco do rapazinho, tem um link pro Dance Positive nos comentários.

6 de setembro de 2009

China es Otra Cultura (pero lo pop es lo mismo)

Pop é pop em todo lugar, pelo menos depois dos anos 90: letras sobre amor e cotidiano, ritmo dançante e leve, capas 'chiquérrimas' (rs) e músicas não muito grandes. Pra provar isso, subi um disquinho muito bonitinho de pop espanhol. De cara vão lembrar-se de Camera Obscura, Charlotte Gainsbourg, 10,000 Maniacs e uma porrada de outras coisas bonitinhas de ouvir (mas nem sempre).

Bom, a banda madrilena chama-se Linda Mirada, e o disco, China es Otra Cultura. Pra ouvir sem se preocupar em achar texturas diferentes, sonoridades obscuras ou faixas escondidas, como todo bom pop romântico deve ser.

8 de agosto de 2009

fIREHOSE @ Totem Pole

Primeiro material ao vivo do blog, e logo punk, pra começar bem!
Live Totem Pole já vale a descarga pela magnífica cover de Mannequin, do Wire, e pelas outras 4 covers tocadas despretensiosamente pela banda que é a "continuação" do Minutemen, sem o guitarrista.
E a maldição dos EPs continua firme pra mim, hahaha.

6 de agosto de 2009

Feed Me With Your Kiss

A fase de postar EPs continua firme e forte...

Doçura e barulheira nos mesmos cinco minutos da mesma música ao mesmo tempo é o que achamos em qualquer disco do My Bloody Valentine, de praxe. Os álbuns da banda costumam ser tão bons e arrebatadores que muitas vezes esquecemos-nos dos maravilhosos EPs lançados antes (sobretudo, mas depois também) do Isn’t Anything. Já recomendo logo de cara – e por isso o subi – o Feed Me With Your Kiss, de 1988.

Flutuante...

D. Boon, Minutemen e coragem.

Se teve uma banda que conseguiu juntar letras sensacionais com o mais sujo punk rock/jazz/soul/country etc, essa banda foi o Minutemen. Ouvir o trio californiano tocar tão despretensiosamente e ainda cantando uma caralhada de coisas que mal conseguimos falar no cotidiano deixa a impressão que é muito fácil fazer o que eles fizeram. Se fosse mesmo, eles ainda não seriam tão lembrados e respeitados por quem sequer entende direito o que eles tocavam (se bem que fazer sentido é meio complicado, mas aqui não é lugar pra reflexões demoradas...).

Se você acha que a música pode ser uma válvula de escape e até um tipo de protesto contra os rumos que as coisas tomam na nossa vida e na vida de todos, sem que essa música se torne maçante e chata, e acha mesmo que pode existir bom punk rock, então de certo já deve conhecer o Minutemen. Se ainda não conhece, subi agora o 3-Way Tie (For Last), de 1985, último disco dos caras, que terminaram a banda no mesmo ano, devido a morte do vocal e guitarrista D. Boon.

24 de julho de 2009

Curse Your Little Heart

Se tem uma coisa realmente legal que é conseqüência das facilidades de locomoção da vida contemporânea e da imediatez da internet é fazer todos conhecerem músicas de todos os lugares, expandindo a cabeça e fodendo com a vida de quem gosta de sistematizações até na música. Por isso hoje é complicado descobrir de ouvido de onde tal banda veio depois de ouvir uma música ou até um disco inteiro dela.
Duvido, por exemplo, que alguém falaria de primeira, sem saber, que o DeVotchKa é uma banda norteamericana. Talvez pelas guitarras quase sempre presentes ou pela moda do folk gypsy alguém já desse algum pitaco certo sobre as origens dos caras, mas é no mínimo curioso descobrir que tantas bandas boas aparecem nos lugares mais improváveis. Talvez seja coisa de cabeça limitada isso, talvez essas músicas e esses ritmos sempre estiveram presentes em todos esses lugares, e só agora os mais deslocados perceberam. Talvez isso seja tão fascinante em músicas tão ricas e bonitas, tão melodiosas e trabalhadas. Hoje, com a facilidade da vida, se esforçar pra fazer música “artesanal”, pra mim, é fascinante: se tem violino e sanfona, zipa e me manda que eu vou gostar!

Falando um pouco do EP disponibilizado - Curse Your Little Heart, de 2006 -, talvez seja o disco mais gitano deles, ou o menos parecido com Arcade Fire e mais próximos das sonoridades do A Hawk and a Hacksaw: resumindo, o trabalho mais bonito deles. E ainda tem uma versão sensacional de Venus in Furs.

19 de julho de 2009

Today

Sabe aquela sensação de arrebatamento total, quando você diz, "Porra, é isso!". Daí então você se pega ouvindo repetidas vezes o mesmo album, na mesma tarde, sem se entediar um minuto sequer?! Quando todas as músicas agradam, como se nada fosse ruim?! Pois então...

Today, primeiro album da banda americana Galaxie 500 é uma dessas suspresas boas que você acaba encontrando. É como se fosse a "grande recompensa" por tantas horas gastas baixando, ouvindo e re-ouvindo dezenas de álbuns medianos, que você só baixa pra ver qualé, mas que não te surpreende nenhum pouco.

Eu preciso me esforçar pra tentar lembrar de algo melhor do que passar a tarde inteira deitada, numa cama bagunçada, com um cinzeiro cheio, ouvindo Galaxie 500. É impossível não se apaixonar pela atmosfera calma e solene desse album. Today é coisa fina de uma das bandas que mais criminosamente ignorei em toda minha vida.

4 de julho de 2009

Tin Hat Trio - Helium

Aqui tudo valeria a pena só pela participação do Tom Waits em Helium Reprise. Ok, exagerei, o cara não é tudo isso. O álbum (segundo disco do projeto Tin Hat [atualmente, pois é um quarteto, e não mais um trio]) vale a pena por causa das cordas, da sanfona, dos metais, da inspiração inacreditável e da liberdade musical. E das nostalgias de coisas não vividas que o álbum traz. Da sensação de andar por ruinhas de paralelepípedos molhados de sereno, com grama nascendo, pessoas passando, gatos correndo, folhas caindo, cores sumindo. Vale pelo romantismo de um mundo idealizado. Vale porque temos de ser realistas exigindo o impossível.

30 de junho de 2009

Cê é punk mano? E não conhece The Ex? Então não é...

Crítica, música de subsolo, punk, experimentos... Se existe uma banda que realmente faria jus à alcunha indie, punk, underground, submúsica, essa banda seria o The Ex: punk não somente pelo estilo das músicas, que seria um punk misturado com tudo quanto é experimento musical do mundo, mas também por causa do sentido social punk mesmo, eles tentam a todo custo resistir às tentações das facilidades da música vendável, sem fazer disso um outro estilo vendável, e sem levantar bandeiras demagógicas... as coisas fluem sem partidarismos, sem desconfiança. Eles sabem bem os laços que sufocam a vida do cotidiano, e tentam escapar deles. Como disse Cláudio Roberto Duarte, no seu blog, O Militante Imaginário, há algum tempo,

The Ex se impôs a criação da música turbilhão, tumulto, confusão, como se fosse a imitação da complexidade, da velocidade e do obscurecimento das grandes metrópoles. São uma espécie de Kafka do rock. Até mais que o Fugazi, e um pouco como o Sonic Youth, criaram um estilo próprio de tocar seus instrumentos, com guitarras em diálogo, dissonantes e "percussivas", sistematicamente integrada com a baterista, uma verdadeira percussionista (nenhuma música tem bateria com andamento 4x4), além de cantora impressionante. Mas é na voz do vocal principal do The Ex que reside a confirmação do conflito, da confusão, do emparademento do sujeito tentando resistir ao mundo da total alienação. Seu modo de cantar desgovernado, num ritmo falado, livre, quase flutuante, como nos melhores momentos de Jello Biafra, é a exposição a olho nu da forma social do sujeito encurralado entre os poderes do capital e do Estado.

Sem tirar, mas pondo, subo o EP de 1986, “1936: The Spanish Revolution”. Não tem nada de músicos de lugares diferentes, mas tem lembranças de um tempo em que as lutas e as batalhas eram mais visíveis. Hoje a gente faz guerra e nem sabe, leva bomba e não percebe, morre e nem se liga.

27 de junho de 2009

Forever Since Breakfast

Falei que estava postando muita banda norteamericana por aqui, e que iria parar com isso, mas essa tem que ter!!!!

Já disse também sobre as minhas tendências a gostar de coisas barulhentas e produzidas de forma mais caseira. Pois bem, não poderia deixar passar batido o primeiro EP de uma das bandas mais representativas desse espírito lo-fi mais famoso: o Guided By Voices. De 1986, e bem menos sujinho que o primeiro disco de fato da banda (devil between my toes, de 1987), conhecer esse EP já vale só pelo fato de ser o primeiro da discografia do Guided By Voices.

Mas o interessante aqui é realmente ver que esse EP é de fato muito bem produzido (num estúdio profissional, não sei bem a história), muito mais que a maioria das coisas que o GBV irá fazer (e surpreendente pra um primeiro EP) até o Alien Lanes, pelo menos (na verdade não tem um limiar definido), o que deixa a gente perceber melhor as influências musicais (e letristas?) da banda, que vão de R.E.M a problemas comportamentais que os nomes e as letras das músicas sugerem, com toda a energia de bandas novas. Inclusive é muito legal ver a banda imatura ainda, e, bem produzida, o que é contrastante e curioso, e inesperado pra uma primeira gravação publicada! E também tem a história do nome do EP: a idade declarada por Charles Manson, numa entrevista.

Porcos Livres

Compêndio sobre a vida moderna? Que disco, no fim das contas, não é isso? O III, do Sebadoh (terceiro disco deles), é apenas mas não só apenas mais um desses álbuns fantásticos que parecem um desabafo dos (des)"prazeres que a vida moderna nos dá".

Poderia falar bastante coisa sobre a banda, sobre a origem interessante do Sebadoh, mas a intenção dessa vez será falar pouco sobre o disco mesmo, numa visão unilateral até, a de ouvinte.

O fato é que gosto muito de barulhos e sujeira nas músicas. Acho que deixa as coisas mais reais e mais sinceras, e claro que percebo quando a barulheira não é sincera, e aí perde um pouco a graça. E claro que também gosto de músicas bem feitas, melodiosas, barulhentas... Bom, é complicado definir o gosto musical e todo mundo sabe disso! Levando em conta essas paradas, e a minha queda pelas bandas lo-fi, considero esse disco do Sebadoh emblemático, por representar um pouco tudo isso: barulheira, psicodelia, beleza, sinceridade, maluquice, contemporaneidade. E recomendo que baixem, e ouçam. É meio grunge, pra dizer algo mais concreto, ahaha. E ainda tem uma cover do Minutemen (Sickles and Hammers), banda que não vai demorar muito pra aparecer por aqui.

Fiquei sabendo que lançaram recentemente esse disco em edição de luxo, com umas coisas raras, faixas bônus e o escambau. Pra quem tem dinheiro sobrando é uma boa comprar a ‘caixa’.

(...)

Acho que tem muita banda norteamericana por esses lados, tentarei variar as coisas da próxima vez!

6 de junho de 2009

Everyone is overjoyed

Resenhar sobre determinado álbum ou determinada banda é algo tão pessoal que às vezes o que escrevemos sai intimista demais pra ser postado. Quando se gosta mais do que o normal da banda então, aí vira depoimento apaixonado. Mas não se tem muito o que fazer quando esse estado de espírito apaixonado nos toma: é entregar-se aos delírios da paixão auditiva, sem cerimônias ou parcimônias. O que fazemos absurdamente, então, é recomendar a quem gostamos o que nos fez trêbados de paixão. O que ocorre depois é a frustração de saber que teu semelhante não aprecia as mesmas coisas que você aprecia, muito menos na mesma intensidade. E nem é pra gostar, paixão não se explica. Nenhuma delas.
Então não vou explicar porque acho o Circulatory System uma banda tão quente, tão bonita, tão maluca e tão apaixonante; não vou explicar o porque do Signal Morning, de 2009, ter sido uma das coisas sonoras que mais eperava esse ano (e outros atrás); que, apesar de meio previsível, não foi decepcionante ver que os barulhos e a densidade da mais bela psicodelia dos anos sessenta junto com a sinceridade do verdadeiro espírito lo-fi continuam vivos nesses caras vindos de uma cidade muito especial localizada em pleno território capitalista e imperialista (haha). Talvez explique tudo isso em outras postagens, mas nessa não. Pra hoje ser fã basta.

3 de junho de 2009

No Flashlight: Songs of the Fulfilled Night

Há músicas que nos levam de volta para lugares que julgávamos esquecidos. Como se alguns sons tivessem a capacidade mágica de evocar memórias, cheiros, toques e sentimentos de um determinado lugar no tempo.
A música de Mount Eerie (um projeto de Phil Elverum [antes The Microphones]) pode parecer a princípio de difícil compreensão e obscura demais para ouvidos não acostumados; a atmosfera pesada das canções e a introspecção das letras nos remetem a um lugar em que nunca estivemos antes. É nesse lugar desconhecido que vive Phil Elverum, uma espécie de mágico eremita que como uma esponja consegue absorver tudo do local. Todas as manhãs frias com suas árvores cobertas de musgos; os lagos congelados e os uivos mais distantes; são vomitadas em pequenas formas sonoras.
"No Flashlight: Songs Of The Fulfilled Night” é o resultado disso. É a memória do que você não lembra de ter acontecido. Mas que você consegue evocar e sentir através do olhar de Phil Elverum.



31 de maio de 2009

Frutinhas exóticas

Pra algumas pessoas (aliás, pra todas), é complicado ouvir Frank Zappa, sem nunca ter ouvido falar do sujeito, num belo sábado ensolarado por recomendação de algum amigo maluco e não achar tudo uma completa viagem ácida de gosto duvidoso. Mas como é sábado (e é o Frank Zappa, que todos os amigos do seu amigo maluco falam muito bem no bar, enquanto viram o caneco), você não chega a deletar o disco baixado (claro que foi baixado) e ouve-o meses depois, não achando tão ruim como da primeira vez. Aos poucos você vai “enxergando” (com a orelha) coisas não tão malucas no meio das músicas, vai percebendo que todas as coisas que gostamos em outras canções estão ali, mas de um jeito estranho, mais, digamos, misturadas, ou ordenadas de um jeito diferente e não tão habitual. Acontece algo parecido com o "Blueberry Boat", segundo álbum do Fiery Furnaces: as músicas nunca terminam do jeito que começam, as letras são desconexas ou parecem piada interna dos dois irmãos, as melodias são estranhas, o compasso muda toda hora: é tão inconstante que chega a dar vontade de avançar as músicas que nunca acabam. Até que a música muda, e te agrada, o que faz você desistir de passar pra próxima (ou não, e você desiste do álbum e o deleta; afinal quem é Fiery Furnaces pra ser comparado ao Zappa???). Enfim, é um álbum intrigante, bonitinho e complicadinho, mas nem tanto.

(...)

Primeiro post do blog, que se propõe escrever sobre coisas que gostamos; a princípio, música. Somos Ludymylla e Regis, estudantes descontentes com a classe (haha) que têm muitas coisas pra fazer além de ouvir música, e fazem. Ou não. Agradecimentos a Leonardo B. por ajudar na arte do blog. Beijo, Leo!


25 de maio de 2009

Então,

Mais um blog desses tipos de blogs que comentam sobre música.

:)